quarta-feira, 29 de junho de 2011

Bricolagem lírica, tragédia pós-moderna.

Ilustração do Eugène Delacroix




Oh horror! Oh horror! Sinto outra vez
Essa frieza precursora n'alma
Da suprema intuição. Ah, não poder
Fora do ser e do sentir esconder-me!
Ah não poder gritar, pedir, deixar-me,
Oh, qualquer coisa mais do que uma luz
Vou sentindo que vai breve raiar...
Morte! Treva! a mim! a mim!


Fernando Pessoa - Trecho Fausto Tragédia subjectiva¹. 

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Fechei um ciclo (porque assisti a palestra no 1º dia de aula do BCH e hoje tive a primeira prova do BCH com direito a ensaio exaltação do Maquiavel), e com consonância encerrei  o PROJETO “FAUSTO - A RECONSTRUÇÃO DO MITO” da oficina cultural Oswald de Andrade. O que me levou a participar das palestras e sentir a leitura dramática foi o fato que  desenvolvi uma admiração extensa pelo Goethe através do Mundo de Sofia³ romance filosófico do Jostein Gaarder de filosofia para não filósofos que em partes mudou minha visão de mundo, outro ponto que me levou a se inscrever no ciclo foi o fato de que uns dos palestrantes era o Luiz Felipe Pondé  filósofo e colunista da folha que conheci no programa Café filosófico da TV cultura.


Nas férias, adquiri as duas partes de Fausto² do Goethe(uma péssima tradução do Agostinho D'ORnellas)  e o Fausto Tragédia subjectiva versão integral do "Pessoas" rs. O primeiro li , cantei e recitei uma boa parte e mesmo com uma tradução horrível  consegui sentir a genialidade do Goethe e porque esse livro é um divisor de águas e clássico da literatura universal não é atoa que ele levou uma vida pra lapidar esse raro diamante e o segundo terminei de ler no dia 25/06 Limpei minha visão de mundo com uma dose homeopática de ceticismo cheguando a conclusão de que  a inteligência é sempre derrotada pela vida e achei uma excelente definição da tragédia humana com grau de realismo absurdo  que somente o "Pessoas" rs conseguiria escrever.

Ciclo de Palestras:


23/05:
Luiz Felipe Pondé 
Tive uma boa injeção de pessimismo e dando continuação a meu tratamento filosófico de amadurecimento trágico e o anúncio do desinteresse de Mefistófeles nas almas pós-modernas(Ideia base do texto do Samir Yazbek), outro ponto é que segundo o Luiz Felipe em minha própria interpretação eu não passo de um elitista com virtú por que através dos mecanismos de tecnologia da informação que democratizam o acesso a "cultura" das belas artes estava a prestigiar uma palestra quase que exclusiva.


25/05:
Marcus Mazzari

Nessa palestra pude compreender todo o contexto, origens, versões e todo o Mito em torno de Dr. Johannes Georg Faust, amei o Marcus recitando o Goethe em alemão, descobri que minha tradução era uma merda e que depois vou ter que desembolsar R$ 163,00 para adquirir a tradução comentada e bilíngue deste doutorado em Germanística e sepá até faço Letras na USP futuramente por causa dele.


08/06:
Cassiano Sydow Quilici 
Cientista social pela UNICAMP, doutor em Comunicação e Semiótica; professor na PUC e na UNICAMP

Pintou o cenário social da época, comparou e comentou o Fausto com o uso de outras obras (como "A tempestade"^4 do Shakespeare) sintetizando: deu uma puta aula de filosofia e sociologia.


29/06
LEITURA DRAMÁTICA “FAUSTO - A RECONSTRUÇÃO DO MITO”

Cia. Arnesto nos Convidou<-- Adonirei(Adorei) o nome :)
29/06 - quarta-feira - 19h
Indicação: a partir de 16 anos
50 lugares (retirar convites com meia hora de antecedência)

PROPOSTA:
O texto do diretor Samir Yazbek adapta o mito para os dias de hoje, retratando uma sociedade materialista em que a busca pela fama é a principal motivação para se fazer o pacto — em detrimento de um sentido metafísico, presente em quase todas as outras adaptações. Com Helio Cicero e atores convidados.

SOM E FÚRIA:
Conheci o Senhor burguês X, o cara é fodelão fez 3 graduações na USP, trabalhou na TV Cultura, na TV GLOBO e viajou e morou pelo mundo afora de cabeça recordo-me de quatro  países USA(ele falou que foi fazer um documentário nos States), Holanda, Alemanha e Japão tem uma filha que estuda na USP LOST e outros causos que minha fraca memória de peixe não lembra, discutimos sobre assuntos clichês intelectuais sobre política, industria de massa frustração com  a arte atual, citamos Wagner falando sobre o romantismo alemão e etc fiz uma puta perfomance nem parecia em partes que a dois anos atrás estava estudando na favela no mesmo horário. Um fato cômico que ele odeia e não suporta: é quando falta papel higiênico no toilet de qualquer local público, que este é o mínimo de etiqueta necessário para que uma pessoa do sexo masculino possa usufruir civilizadamente o banheiro e também falou muito mal da infraestrutura da USP comparando com as universidades americanas de segundo ou terceiro nível dos USA que são extremamente superiores neste requisito. 

FAUSTO - A RECONSTRUÇÃO DO MITO
Na leitura dramática, primeira peça de teatro que assisti na minha vida (em local apropriado, sem ser no tumulto de um monte de alunos amontoados como platéia nas peças horríveis da escola pública com temas moralistas e clichês como educação sexual para citar rs.) muito pelo contrário era para poucas pessoas e para compor o cenário o grupo dispôs cadeiras em um grande círculo onde as personagens e os espectadores(uns deles eu) ficavam sentados e uma vela eu uma flor no centro da roda que na lógica do escritor era a forma de um ritual para invocar as figuras míticas. 1º ponto um bro' ator(Helio Cicero) anunciou que o Samir não ficou satisfeito com o texto e abandonou a ideia, e em um trabalho de três meses se viu derrotado na empreitada de escrever outro diamante(tive uma lição de humildade) e de fato Fausto é tema muito sério e senão o mais complexo que possa ter existido na história da humanidade como comentei com o Senhor X e disse que tem que ter muita presunção para escrever esse texto e que eu estava muito ansioso para ver a leitura e o Senhor X me recordou a palavra que queria usar no lugar de presunção e corrigiu minha construção "Tem que ser muito corajoso" eu tenho problemas em relembrar palavras desde as mais usuais como etiqueta e assado ou coragem como no caso narrado. O Samir fez uma verdadeira bricolagem dos textos que foram trabalhados em oficina deu pra perceber uma alternância clara entre todas as personagens que ali tiveram uma conversinha com Mefistófeles me recordo da minazinha com 18 anos que entra em atrito com a "Morte" (me recordo da mãe dela na platéia levando um susto) e o excelente diálogo final , do Samir na figura do demo e de do bro(Helio Cicero) interpretando um escritor(representando o sujeito pós-moderno) que quer escrever a obra prima da época, e na dificuldade implora ajuda para o Coisa ruim, codinome Satanás mas é expulso aos palavrões e xingos com um "filho da puta" libertador simplesmente hilário.


De lá, sai apenas com sonhos e superando definitivamente minha crise niilista(no sentido etimológico), com objetivo de abastecer-se de cultura clássica na UFABC e possivelmente vou pra USP estudar Letras com habilitação em germanística e/ou linguística por influência óbvia da modernidade tardia e com a ideia de estudar  semiótica na cabeça depois de ter visto o Lattes da Santaella e lido uns capítulos da mesma. E com sonho principal de escrever o meu Fausto Tragédia pós-moderna(título a ser modificado)

Se você acha esse meu relato ridículo fique com o excerto do Wikipedia sobre o niilismo("perigoso silogismo ilustrado pela frase do personagem de Dostoiévski^5: "Se Deus está morto, então tudo é permitido" ) Justificando o fato de eu ter meus delírios de escrever um Fausto ou pelo menos sonhar, essa é uma inferência plausível e necessária para minha sobrevivência.




Franz Liszt: Faust Symphony






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