sábado, 21 de maio de 2016

A criação artística em Bergson pela perspectiva da pintura.

1.             Introdução
Este trabalho tem por objetivo compreender minimamente dentro do pensamento de Henri Bergson como se dá a relação da percepção e da memória no gênero humano, tanto pela via mais pragmática da percepção habitual, focada apenas em solucionar problemas mais simples que nos são colocados pela necessidade cotidiana de sobrevivência para ação no mundo, quanto pela via que vai ser mais explorada nesse texto, isto é, pelo ponto de vista da arte e sua forma privilegiada de apreensão da realidade enquanto duração. Para tanto vou me valer de um escopo básico da “Teoria da Arte” Bergsoniana e exemplificar a compreensão de suas ideias e seu poder explicativo visto pela perspectiva da pintura e da análise de obras de alguns artistas visuais citados pelo filósofo francês.

2.             O pragmatismo da percepção habitual em Matéria e Memória
Em Matéria e Memória Bergson estuda profundamente o problema da relação e da continuidade do espirito e do corpo, que remete a uma tradição filosófica dualista e seus desafios teóricos do qual ele pretende sanar valendo de seus conhecimentos empíricos das ciências psicológicas da época e o rigor da sua reflexão filosófica. Com isso ele vai ser levado para o farto campo de estudo do conceito de memória em que ele procura representa-la precisamente como o ponto de interseção entre o espírito e a matéria.
De frente ao seu problema Bergson adota uma posição introspectiva e intuitiva para a análise da experiência da percepção, com o objetivo de se desprender das ideias pré-concebidas de outras teorias do espírito ou dos preconceitos do senso comum.

Desse modo Bergson chega a conclusões originais e superinteressantes que serão objeto de polêmicas e intenso debate dentro dos círculos intelectuais que lidam com essas temáticas. Para ele o mundo percebido pelos sentidos e a intuição é recheado pela presença de imagens que agem e reagem umas sobre as outras conforme as suas naturezas, porém em sua autoanálise a uma imagem que prevalece, é a imagem do corpo, pois o ser humano é capaz de conhecê-la externamente pelas percepções, mas também conhecê-la internamente pelas suas afecções. E dada às diversas formas de afecções presentes no corpo ambas possuem pelo menos um elemento comum: o convite a agir. O filósofo francês sintetiza essa ideia nesta passagem do Capitulo I de Matéria e Memória:
“Tudo se passa como se, nesse conjunto de imagens que chamo universo, nada se pudesse produzir de realmente novo a não ser por intermédio de certas imagens particulares cujo modelo me é fornecido por meu corpo”. (pg 12)

Logo como apontado por Bergson o corpo no conjunto do mundo material é uma imagem que atua como as outras interagindo no mundo através da ação de receber e devolver movimento, mas com uma diferença fundamental: o corpo é capaz de escolher em certa medida a maneira de como vai devolver o que recebe. Longe de ser visto como um mecanismo passivo o corpo é um objeto destinado a mover objetos sendo assim um centro de ação, resta entender minimamente como se dá essa escolha em meio à seleção de imagens efetuada por ele.
Para isso o filósofo parte da ideia de que a percepção aparece como um intervalo entre ações e reações do organismo, e o corpo munido do sistema nervoso, assume o papel de conduzir ou bloquear uma ação dentro do ambiente, abrindo espaço para uma indeterminação do agir que dá certa margem de independência de ação do ser vivo.


Com isso em mente conforme apontado por Bergson é possível avaliar a quantidade e a distância das coisas e de como elas se relacionam entre si e na forma como o corpo escolhe agir:
“Qualquer que seja essa relação, qualquer que seja, portanto a natureza íntima da percepção, pode-se afirmar que a amplitude da percepção mede exatamente a indeterminação da ação consecutiva, e consequentemente enunciar esta lei: a percepção dispõe do espaço na exata proporção em que a ação dispõe do tempo”. (pg 29)

Nesse momento do texto de Matéria e Memória é interessante observar como a questão da interação do corpo com o meio externo vai tomando complexidade e vai ter lidar a partir daqui com o problema da passagem do tempo, pois cada ato de percepção é um novo ato, e isso pressupõe outras experiências anteriores e estados psicológicos. Para lidar com esse problema Bergson mais adiante, vai passar a opor a percepção atual, ou "pura" daquilo que vai chamar de lembrança e trabalhar em um sentido de também estabelecer uma teoria da memória "pura".
Na passagem da percepção das imagens para o nível da consciência, ele introduz a ideia de que não há percepção que não esteja impregnada de lembranças, logo a memória se impõe no desenvolvimento do sujeito com o tempo através da experiência com real, e depois de "consolidada" e constantemente atualizada ela funciona dentro desse "circuito" da percepção como uma variável dominante, combinando as memórias com o processo corporal e o presente da percepção:
“Aos dados imediatos e presentes de nossos sentidos misturamos milhares de detalhes de nossa experiência passada. Na maioria das vezes, estas lembranças deslocam nossas percepções reais, das quais não retemos então mais que algumas indicações, simples "signos" destinados a nos trazerem à memória antigas imagens.” (pg 30)

Portanto a memória possui uma função decisiva no processo psicológico  permitindo a relação do corpo no presente com o seu passado e interferindo ativamente no processo 'atual' de selecionar as imagens relevantes para serem representadas na consciência.
Outra característica fundamental é que essa memória é cumulativa e crescente dispondo da experiência adquirida pelo contato com a realidade. Para tornar o entendimento dessa relação mais didático Bergson pensou em representar esse espaço profundo da memória e o espaço raso e pontual da percepção imediata através da figura geométrica de um cone invertido no Capítulo III de Matéria e Memória:


Onde conforme Bergson compreende que:
“Se eu representar por um cone SAB a totalidade das lembranças acumuladas em minha memória, a base AB, assentada no passado, permanece imóvel, enquanto o vértice S, que figura a todo momento meu presente, avança sem cessar, e sem cessar também toca o plano móvel P de minha representação atual do universo. Em S concentra-se a imagem do corpo; e, fazendo parte do plano P, essa imagem limita-se a receber e a devolver as ações emanadas de todas as imagens de que se compõe o plano.” (pg 178)

A partir desse esquema explicativo vemos em linhas gerais como funciona o circuito da percepção e da memória, na base do cone estariam às lembranças que 'descem' para o presente, onde a percepção também tem o poder de evocar lembranças, os dois atos, percepção e lembrança se penetram e trocam sempre algo de suas substâncias. Vale a pena ressaltar que esses elementos brevemente explicados fazem parte da teoria da percepção 'pura' e da teoria da memória 'pura' de Bergson e que podem ser mais aprofundadas, o interessante que esse 'puro' até colocado entre aspas, só existe de direito e não de fato, pois nós vivemos através de nossa condição corpórea os mistos. Essa separação radical no estudo vale mais pela facilidade de explicação e até decorre acredito que do limite da nossa linguagem como forma de expressão, que através da análise da razão nos força sempre a estabelecer distinções.
Logo é importante concluir também dessa parte, para compreender melhor o objetivo do trabalho, que a memória na base do cone teria uma função prática de limitar a indeterminação do pensamento e da ação a fim de influenciar o sujeito a reproduzir formas de comportamento que já deram certo, porque, por exemplo, a percepção cotidiana precisa do passado de que algum modo se conservou, para agir de forma pragmática e em muitos casos repetitivamente para sobreviver no mundo.

3.            Breve estudo da “Teoria da Arte” Bergsoniana.
Antes de compreender a ideia de arte no pensamento de Bergson, seu método não tem a pretensão de ser absolutamente sistemático e para isso é preciso explorar sua obra como um todo através dos ensaios, conferências etc por ele, no nosso caso a partir da conclusão tirada na parte 2 desse trabalho, como visto nossa condição humana na vida comum exige que tomemos as coisas na relação que elas têm com nossas necessidades, o que acaba implicando em uma percepção meramente pragmática, como atesta Bergson em seu ensaio sobre "O Riso":
“Eu olho e acredito ver, dou ouvidos e acredito ouvir, estudo-me e acredito ler no fundo de meu coração. Mas o que vejo e ouço do mundo exterior é simplesmente o que meus sentidos dele extraem para aclarar minha conduta; o que conheço de mim mesmo é o que aflora à superfície, o que toma parte da ação. Meus sentidos, e minha consciência, portanto, só me entregam da realidade uma simplificação prática.” (Capitulo 3, pg 113)

Logo a percepção nesse sentido auxilia a ação e isola no conjunto da realidade aquilo que interessa, mostrando menos das coisas como elas são de fato e focando apenas em mostrar aquilo que se pode delas tirar proveito.



Conforme dito pelo filósofo é como se a natureza coloca-se um véu espeço na consciência dos seres humanos comuns, o que vai ter consequência até na própria filosofia quando trata das mudanças presentes na realidade e a consequente 'condenação' dos sentidos na história do pensamento ocidental por eles distanciarem a ‘verdade’ em uma lógica mais abstrata e conceitual. Porém a mesma natureza que jogou esse véu espeço sob a percepção limitada da maioria dos seres humanos, para outros foi mais grata, os artistas talvez por acidente recebessem um véu quase transparente na metáfora de Bergson, cujos sentidos e consciência não são tão voltados para o sentido prático das coisas, mas quando olham algo veem por ele mesmo, percebem por perceber sem um objetivo pragmático, observam assim pelo prazer de contemplar a totalidade do momento ou estado em que vivem, pois em não pensar tanto em usar a percepção, desprendidos dela percebem um maior número de coisas por serem capazes de notarem a individualidade das imagens/coisas.
E por esse acidente, cada artista com seu véu e particularidade envolvida se dedica ordinariamente a uma arte, que tendo em vista a multiplicidade dos seres humanos vai seguir segundo sua diversidade cada qual em sua especialização e predisposição:
"Aquele que se apegará às cores e às formas (...) ele nos afastará dos preconceitos de forma e de cor que se interpunham entre nosso olho e a realidade. E realizará assim a mais elevada ambição da arte, que é revelar-nos a natureza. - Outros, ao contrário, se voltarão para si mesmos.(...)e por meio de arranjos ritmados  de palavras, que chegam assim a organizar-se  juntas e a animar-se com vida original, eles nos dizem, ou melhor, nos sugerem, coisas que a linguagem não foi feita para exprimir. - Outros se aprofundarão ainda mais. Debaixo das alegrias e das tristezas que a rigor se podem traduzir em palavras, captarão alguma coisa que nada mais tem de comum com a palavra. (...) ao acentuar essa música, eles a imporão à nossa atenção; e nos levarão a inserir-nos involuntariamente nela, como transeuntes que entram na dança." (O Riso. Capitulo 3 pg 117)
 Portanto como visto pelos três gêneros de expressão expostos por Bergson, ou até por outros gêneros a mais não citados, é comum que a arte tenha como objetivo afastar os símbolos úteis visto da perspectiva de uma ação meramente pragmática, generalista ou proveniente de uma convenção social, a arte nos coloca face a face com a realidade mesma. Em outras palavras, com inspiração no trabalho de Franklin Leopoldo e Silva em "Bergson, Proust - Tensões do tempo" essa perspectiva pragmática é fruto de nosso espirito concentrado e tensionado como naquela representação de Bergson na parte 2 desse trabalho, onde a ponta do cone toca o real no domínio em que ele pode ser útil, já a condição da arte é o grande ou extremo relaxamento desta tensão, para o Franklin como se dá isso e por que alguns passam por essas experiências criativas é um grandioso enigma, o que importa pra ele é que a criação artística decorre dessa descontração e distração onde o espírito distende e a percepção ampliada percebe mais profundamente, o que em uma visão simplista parece como um paradoxo, mas visto tudo que estudamos do pensamento em Bergson sugere ser bem plausível. Longe de querer entender a causa das obras artísticas criadas pelas regras do gênio, é importante também falar de seus efeitos, e a forma como Bergson mede relativamente isso: nesse caso o filósofo pela sua lógica mede a partir da sinceridade de uma obra, pois quanto mais verdade ela carregar maior vai ser seu poder convicção. Porque a sinceridade é comunicativa, e sendo desvelada pelo artista e o seu efeito tende a ser cada vez mais universal.

4.            A perspectiva da pintura: Análise de obras de Turner e Corot.
Vimos que a arte é uma via privilegiada para que os seres humanos tenham um contato revelador com a realidade mesma, Bergson dá uma atenção maior em alguns momentos de sua obra, carregada de metáforas imagéticas e visuais, para a pintura que segundo ele nada mais pode mostrar tão claramente esse principio revelador da verdade pela arte, porque os olhos sensíveis dos artistas visuais podem se colocar como os olhos de todos os seres humanos.


E em sua sinceridade quase didática pode fazer com que muitas pessoas cerceadas pelo pragmatismo da vida comum possam ver o mundo de uma forma ampliada e transformadora, conforme ele mesmo atesta em "A percepção da Mudança" no ensaio "O Pensamento e o Movente":
"Um Corot, um Turner, para citar apenas estes, perceberam na natureza muitos aspectos que não notávamos. - Acaso se dirá que não viram, mas criaram que nos entregaram produtos de sua imaginação, que adotamos suas invenções porque nos agradam e que simplesmente nos divertimos olhando a natureza através da imagem que os grande pintores dela nos traçaram? - Isso é verdade, em certa medida; mas, se fosse unicamente assim, por que diríamos acerca de certas obras - a dos mestres - que elas são verdadeiras? Onde estaria a diferença entre a grande arte e a pura fantasia? Aprofundemos o que experimentamos diante de um Turner ou de um Corot: descobriremos que, se os aceitamos e os admiramos, é porque já havíamos percebido sem aperceber. Era, para nós, uma visão brilhante e evanescente, perdida nessa multidão de visões igualmente brilhantes, igualmente evanescentes, que se recobrem em nossa experiência usual como "dissolving views" e que constituem, por sua interferência recíproca, a visão pálida e descolorida que temos habitualmente das coisas" (pg 156)
O pintor em sua empreitada é capaz de isolar e fixar tão bem essas imagens dissolvidas e continuas do real em uma tela, que mesmo com as pinceladas de alguns instantes é capaz de representar uma imagem da duração profunda, bem diferente do nosso uso habitual dos olhos focados em atingir um ou outro objetivo, em contato com uma pintura somos impedidos de não aperceber na realidade aquilo que o próprio artista viu nela. Antes de analisar as obras escolhidas de Corot e Turner, precisamos situá-los como artistas que pré-concebem muito o estilo Impressionista, movimento artístico contemporâneo a Bergson e que de certa forma dialoga muito com seu pensamento.
O Impressionismo em linhas gerais herda um legado da pintura realista, porém o realismo em uma visão bem geral foca tanto em ver a verdade de uma forma espacializada e geométrica que passa a se "tornar cega de tanto ver" como apontado por Franklin Leopoldo em artigo estudado para esse trabalho.

Por isso o impressionista reage a essa cegueira generalista e passa a buscar a atualidade do efêmero visto de núcleo temporal que impressiona a consciência com a individualidade do momento que é impressa de forma sútil e poderosa na memória, a luz muda constantemente no dia e pintar por exemplo, em variados momentos do dia cria quadros bem diferentes e com uma carga emocional diversa de um mesmo lugar, o artista investiga e manipula ao seu modo esses elementos, a obra pressupõe certa transitoriedade em sua narrativa com o objetivo de buscar um estado puro e ampliar horizontes da observação.
Jean-Baptiste-Camille Corot (1796 - 1875) foi um famoso pintor francês de retratos, mas em seus estudos de pinturas de paisagens mesmo sendo formado em uma tradição Neoclássica, antecipou muitas das inovações da pintura ao ar livre impressionista rompendo com muitas regras nas quais foi educado. Um exemplo é a obra de 1873 com título de Bornova, İzmir:

Corot - Bornova, İzmir. 1873

Essa obra é uma pintura ao ar livre na cidade de Bornova na Província de Izmir na Turquia, diferente da maioria dos trabalhos em estúdio e baseados em modelo vivos, Corot já ia de encontro com a realidade através de muitas viagens pra construir suas pinturas em ambientes pastorais.

Essa tem alguns elementos pictóricos (como as figuras humanas representadas) construídos pela memória, que na pintura também tem seu fundamental papel de relevância e necessidade concepção de uma obra, mas nesse quadro já conseguimos vislumbrar elementos da pintura instantânea dos impressionistas na observação da luz do dia bem característica e observação de outros elementos da paisagem, técnicas que vão ser radicalizadas pelos pintores posteriores.
Joseph Mallord William Turner (1775 - 1851) foi um pintor romântico inglês, considerado por muitos especialistas um dos precursores da pintura moderna, e um prefácio romântico do Impressionismo em função dos seus estudos sobre cor e luz. Turner já está bem mais próximo dos Impressionistas do que Corot, sua obra é carregada de trabalhos ao ar-livre e inclusive muitos feitos com aquarela, além da pintura a óleo, ele intuitivamente, conhecido também como o "Pintor da Luz" antecipou muitas técnicas impressionistas como da pintura instantânea guiada pelo momento, e rompeu muito com o formalismo geométrico do realismo, que menos forte também era presente nas pinturas românticas, buscando sempre não pintar ideias figurativas, mas pintar a luz que as refletem conforme sua variação nos corpos. Nesse sentido pensando na teoria da arte bergsoniana, ele faz um esforço de fugir desses conceitos figurativos e bem determinados colocados pela memória habitual aliciada a esquemas de representações mais matematizados, definidos e especializados, como por exemplo, um arranjo de figuras dentro de um espaço abstrato guiado e calculado por técnicas de perspectiva. Conseguimos ver em sua obra muitos elementos de continuidade entre os "objetos" e sua ligação imanente com o meio, pra não dizer expressão íntima da ligação de tudo com o universo.


Como podemos observar e analisar na obra de 1844, Chuva, Vapor e Velocidade - O Grande Caminho de Ferro do Oeste:

Rain, Steam and Speed - The Great Western Railway

Ela trata-se de uma paisagem vista através da chuva em contraste com o vapor e o fumo de uma locomotiva. Segundo relatos conforme o livro "Neoclássicos, Românticos e Realistas" dizem que Turner fez uma cuidadosa observação direta desse lugar, e se esforçou em reter na mente a imagem, e logo não hesitou em sentar-se durante quinze minutos sob forte chuva com os olhos fechados, para poder guardar fielmente tudo quanto tinha observado. É superinteressante notar como a memória junto da percepção mais alargada pode ser poderosa. Depois desse processo, em que nosso esforço analítico tenta ingenuamente narrar como uma fórmula, teve como resultado uma composição de contrastes apresentando a mutação do mundo, da paisagem pastoral e a imponente e locomotiva no viaduto. É impressionante como até mesmo um instrumento puramente técnico como uma locomotiva ganha ares de um objeto em plena harmonia com o meio, conforme representado por Turner e não como um veículo transgressor que se impõe a fim de atingir seus objetivos, como muitos outros artistas vão retratar, mas naquele instante de inspiração, e dada às condições meteorológicas essa confluência fazia todo o sentido no olhar inspirado do artista pela sua memória e percepção.
5.            Conclusão
Acredito que tenha conseguido atingir minimamente os objetivos desse trabalho, longe de esgotar o tema é impressionante como o pensamento de Henri Bergson é poderoso para entender vários problemas filosóficos e práticos da vida humana.  Sua visão de arte, fruto de ideias tão vigorosas sobre o corpo e o espirito, sem dúvidas é um instrumento importante para interpretar uma série de outros temas, isso porque ficamos ‘cerceados’ só pela especificidade da pintura, mas a análise pode se estender  como muitos especialistas fazem para uma série de outros modos de expressão. Mas é bonito também dentro da história do pensamento ocidental, como Bergson valoriza privilegia a arte como forma de conhecimento, longe de produzir obras de segunda visão ou terceira visão da “verdade” ela se coloca como um meio fundamental pra se apreender a verdade concreta, longe de concepções abstratas calcadas em outro mundo ou em uma especulação no ‘imóvel’.

6.            Referências Bibliográficas

BERGSON, Henri. Matéria e Memória: Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

BERGSON, Henri. O Riso Ensaio sobre a significação da comicidade. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

BERGSON, Henri. A percepção da mudança in O pensamento e o Movente.

BOSI, Ecléa. Bergson, ou a Conservação do Passado in Memória e Sociedade. Lembranças de Velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

SILVA, Franklin Leopoldo e.  Bergson, Proust - Tensões do tempo.


Diversos Autores. Neoclássicos, Românticos e Realistas (II), Coleção Génios da Pintura, Editora Abril Cultural, Editor Victor Civita, 1984 (Acesso via Wikipédia).