sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Estranho.

à pomba-gira tem que girar
tudo gira:
o mundo,
o gira-gira colorido do prézinho,
a saia da morena florida,
a bola da copa,
a bala de borracha.
Os ponteiros do relógio giram tanto que até param de girar
o relógio morre.
depois você deita na cama e fica tudo de ponta-cabeça
o ser humano morre e o amor vai junto, mas também fica.

Another Brick In The Wall, ou só mais um ponto no gráfico.





eu não fui 69 em 80 eu fui
69 em 1259
ou só mais um tijolo no muro

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Morto

Tá todo mundo se matando
não vai ter jogo hoje.
Última semana do quadrimestre.
Mas porque só eu poderia jogar?
Porque já estou morto.
Os motivos são tantos que mal tenho coragem de listar,
essa batalha eu já perdi.
A guerra não sei,
ainda respiro e meu corpo está intacto.
É tudo triste como o ar cinza dos fins da tarde em São Bernardo do Campo.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Ás vezes extrovertido

Eu falo de mais
minha mãe acha que eu sou um livro aberto que não mede as palavras
Não meço mesmo
tenho preguiça...
mas queria não ter
Sou simpático falo com todo mundo
Sou professor
mas que não professa seus segredos
e são muitos, muito bem guardados
as pessoas mal fazem ideia
Uns poucos descobrem meus segredos aos poucos
mas não é muita gente
Eu gosto de falar com o outro
porque as vezes eu falo pros outros o que eu não falaria nem pra mim
Como ir apresentar um seminário da vida e não ensaiar antes
só na hora do embate você descobre o que realmente aprendeu
de si e do mundo.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Decepção decadente

E eu lutando pra te esquecer
mas você insiste em ser lembrada.
Teu amor é falso amor
Você só ama a si mesma e suas neuroses
Eu poderia ser um amigo pra te ajudar
mas você não deixou

Desapontada
me mandou pra fora da tua casa
saí humilhado gritando que nunca mais iria voltar.
Rancor
Já aprendi o suficiente e me sinto só
sinto sua falta, mas não do que você é agora
mas sim do que você nunca foi
e eu tinha esperanças do que poderia ser
Abri mão do meu eu  por você.
Mas você me expulsou da tua casa
e agora quer me comprar de volta com os presentes que nunca deu
e deveria ter dado a muito tempo atrás.
Obrigado por tudo.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Hipérbole

Zero hora do dia um do primeiro mês
o branco
a cor das cores
é puro
carrega a força da luz
refletida nos milhares de camisetas feitas de paz

As camisetas,
já os seres sem voz só matam o medo de si mesmo com armas,
umas feitas de garrafas quebradas,
outras com gritos histéricos e socos no capô dos carros que passam
Lugar errado ma hora errada.
Essa é a paz que eu não quero seguir
Muros altos, cercas elétricas,
segurança de coturnos terceirizada.

O branco que explode e transcende o céu em alegria
é o mesmo que no chão queima a carne que corre arrastada nos arrastões.
Ano novo e a mesma vida.
Sem sete ondas pra Iemanjá,
e o meu pé direito sangrando em loucura.